quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Eusébio

Vi-o jogar dezenas de vezes. Desde há 50 anos, na velha Luz. No Benfica. Deixou-me memórias impagáveis – que agradeço do coração e que ainda hoje são alegrias: a geometria de uma corrida de bola colada ao pé, a geometria dos remates a cada ângulo. E os golos! de levantar estádios antes de o serem. A Luz gritava golo! quando havia derrubes próximos da área a adivinhar a geometria do tronco paralelo ao chão a preparar o desenho da perna a caminho das estrelas e bola no fundo da baliza.
Eusébio foi – Cruz chamava-lhe o abono de família – a nossa alegria. Nos dois golos simétricos - iguaizinhos, um pela esquerda, outro pela direita a deixar Betancourt sem fala - num 5-1 contra o Real de Madrid, no 5-3 em Amsterdam – o meu Pai esteve lá e numa gaveta cá de casa (espero…) ainda haverá o bilhete – no 5-3 da Coreia em 66, nos golos do Benfica – saltei e gritei com golos inesquecíveis dos mil e não-sei-quantos marcados. Na festa que criava em cada movimento. Na alegria que nos transmitia. No rasto de beleza que deixava campos fora. Na facilidade deslumbrante como cuidava da bola. No impacto colectivo que as suas acções traduziam. Um atleta de genial talento, uma força da natureza: o Pantera Negra.
Tive a sorte de poder, mais do que uma vez, conversar com ele sobre os momentos inesquecíveis que me proporcionou – descrevia-me as jogadas e desenhava-as com o brilho dos olhos: voltávamos os dois ao momento de cada momento.
Eusébio é um dos maiores – e tive a possibilidade de ver ao vivo alguns dos maiores – futebolistas de sempre. Uma referência, uma marca, do Benfica, de Portugal, do Mundo do Futebol. Um exemplo de atleta e desportista e uma sorte para quem o pôde ver ao vivo. Na Luz.
Parabéns! muitos e felizes anos.

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