Continua o fartar-vilanagem. O que era previsível para quem está minimamente atento a estas coisas. A crise foi montada e continuada para proveito próprio. Ganham os que já têm (muito), perdem os que vivem do trabalho que sustenta a si e aos seus. Tudo porque aqueles em quem votámos – em Portugal, na Europa, nos Estados Unidos, no Mundo – se deixaram engolir pela modernice do “é a economia, estúpido!” e esqueceram o primado da política e do serviço público. Deixaram-se apanhar na teia do charme e glamour dos sabichões da alta finança, é o que é. E perderam – se alguma vez o tivessem tido – o modo das coisas. E criaram, ao riso do fartote, uma massa desmesurada de paganinis – aqueles que pagam obrigatória e obviamente.
Para se perceber como tudo se está a passar – e não cair na armadilha das piedosas queixinhas das injustiças da praxe (os exemplos propagam-se como nos mostra a vitimização do nosso sr. Oliveira e Costa) – por esse mundo financeiro, recomendo a leitura do editorial do Jornal de Negócios de 28 de Janeiro p.p. escrito pelo seu director Pedro Santos Guerreiro.
Como introdução cito da última página do mesmo jornal – Sexta Coluna - e a propósito do relatório, chumbado pelos comissários republicanos (diga-se para que se perceba), da Comissão de Inquérito à Crise Financeira nos EUA:
“É caso para dizer: relatórios leva-os o vento. Os lucros, esses, estão de volta. E acompanhados do direito à indignação.”
Eu acompanho a indignação e pergunto: a diferença entre a esquerda e a direita é coisa do passado?