segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Primitivos Portugueses

A exposição do Museu de Arte Antiga, Os Primitivos Portugueses, é imperdível. Exposição da pintura portuguesa da segunda metade do século XV e da primeira de XVI, tem um interesse óbvio: a possibilidade de ver, comparando, obras dispersas; de voltar atrás e à frente e permitir pequenas e interessantes descobertas. Por exemplo: descobrir que os óculos do circuncizador do Circuncisão (1535-1540) de autor desconhecido se repetem – embora com alteração de escala e importância - no rosto de um figurante num outro quadro. Depois é o passeio entre o mais simplório e o complexo, pela passagem por pormenores de ingenuidade temerosa ou divertida, perceber janelas que contam outro quadro, numa visão que nos permite, no meio da enorme maioria de temas religiosos, o encontro, raro, com o notável Homem do Copo de Vinho que - por aquilo que me parecem óbvios motivos da altura – foi atribuído -  tal como qualquer pintura que nos fizesse olhar duas vezes, a quem mais poderia ser? - a Nuno Gonçalves. E ver também o retrato da Princesa Santa Joana, filha de D. Afonso V, de autor agora definido como desconhecido, elegante mas mais pobre na planura com que se interpreta. Notáveis na qualidade da sua expressão – quase apenas testemunhal – são os dois rostos – que servem aliás o catálogo da exposição – dos dois observadores da Deposição no Túmulo (1521-1530) de Cristóvão Figueiredo.
Mas a exposição tem uma vantagem maior: realizada logo após a Invenção da Glória onde se podiam ver também os Painéis de S. Vicente (1470) atribuídos a Nuno Gonçalves, esta exposição, de subtítulo “O Século de Nuno Gonçalves”, vem aumentar as interrogações sobre aquela que é a mais notável obra pictórica desta exposição. Vistos e revistos vezes sem conta não deixam de surpreender continuamente – abrindo novas e constantes possibilidades interpretativas.
Ir ao MNAA é obrigação. Porque é interessante, divertido e proveitoso. Excelente!

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