quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Inside Job

O filme Inside Job deve ser visto. Trata-se de um documentário onde se explicam os diversos momentos da construção da actual crise. E os seus começos: da estratégia de criação do retorno fácil em dinheiro fresco para manter a bolha a girar aos seus testas-de-ferro. Começando, percebe-se, de Regan a Busch e por todos aqueles utilitários que durante anos – como Greenspan – se opuseram a qualquer regulação. Num vivó mercado e a sua auto-regulação, o golpe, pensado e estudado, montou-se com facilidade: vendia-se aquilo que se sabia não ser comprável e seguravam-se as perdas. Seguríssimo! Nesta vigarice de dimensões brutais houve lugar – até em Portugal se conhecem exemplos – para tudo: dos louvados CEO das grandes companhias até à comprada aldrabice de economistas e universitários de renome. Um fartar vilanagem até romper.
O filme permite perceber que se trata de uma verdadeira conspiração dos mais ricos a que se seguiu a sofreguidão de todos os que se puderam aproveitar. Ganância e sofreguidão num jogo financeiro de contornos indecentes.
E neste desconcerto de subversão da Lei 20/80 de Pareto para um muito mais lucrativo 1/99, o resultado foi o do costume: os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres. Os bancos maiores eliminaram a concorrência e ficaram ainda maiores; os gestores golpistas saíram das empresas com indemnizações supermilionárias; os ingénuos, os crentes, feitos alimentadores, viram-se na miséria, sem eira nem beira. O dinheiro – esse bolo global – garantiu uma pequena fatia para milhões e todas as fatias para meia-dúzia. Vantagens do mercado livre…
Como choque final o facto de suas excelências os notáveis anti-regulação se mostrarem no retrato dos lugares da administração Obama. Com a importância das aparências. Como se os mercados tivessem vida própria sem o puxar de cordelinhos…
O filme deve ser visto: evita-se engolir conversas da treta.

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